domingo, 10 de julho de 2011
A Sopa de Pedra ou: Uma Metáfora Sobre o "Poder da Oração"
sábado, 16 de agosto de 2008
Evolução
Assunto perigoso para escrever, este. A quantidade de clichês, no esporte, é gigantesca - certamente não conseguirei escapar de alguns deles.
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A história mostra que os conflitos sempre foram um dos principais estímulos para o desenvolvimento tecnológico da sociedade. Sem dúvida estaríamos em um patamar muito inferior não fosse pelo belicismo (que parece natural ao Homo sapiens). Apesar disso, ninguém normal cogita incentivar o surgimento de novas guerras apenas em prol do progresso. A pergunta seria a seguinte: é este o único meio de promover o dito estímulo? Me atrevo a responder: não. Existem inúmeros outros, sendo o esporte um dos principais, sem dúvida.
É normal para qualquer animal tentar se mostrar superior aos seus semelhantes. O que não é normal é que isso resulte na morte de milhões deles. A competição esportiva acaba com este problema: todos tem o objetivo de alcançar o lugar de destaque no grupo, poucos conseguem. Aos restantes, todavia, não é imposto um destino maligno; o que resta é uma vontade ainda maior de se superar e, na próxima oportunidade, chegar ao topo. Satisfaz-se assim a necessidade biológica com a vantagem de manter a integridade do adversário.
Um atleta não é o único vitorioso no momento do pódio. Além da sua própria habilidade e preparo físico, são premiadas a inteligência e a experiência de seu treinador, as mais recentes descobertas dos cientistas, que potencializam sua performance, e assim sucessivamente. Até que ponto a indústria pode ser influenciada por uma competição (e vice-versa)? Vejamos a Fórmula 1, por exemplo. A simbiose presente nesta modalidade é tão grande quanto ou maior que a encontrada nos campos de batalha.
Sem contar o bem estar proporcionado, tanto para o próprio esportista, quanto para público. Creio que dois aspectos são os principais responsáveis por isso: a emoção e a admiração.
Em termos de esporte, a realidade constantemente supera a ficção (maldito clichê, juro que tentei escapar). Um nadador que bate um centésimo na frente do adversário, como o americano Michael Phelps nos 100m borboleta. Um suposto coadjuvante que se torna favorito e campeão em menos de dois dias, como o brasileiro Cesar Cielo. Não posso deixar de citar a famosa partida do Grêmio contra o Náutico em 2005, em que o time venceu a partida e o campeonato mesmo jogando com apenas 7 jogadores e tendo um pênalti contra. Cinematográfico, literalmente. Superação de dificuldades é o que torna qualquer história interessante. Ninguém assitiria um filme com a sinopse: "Era uma vez uma pessoa. Ela viveu feliz para sempre". É uma pena que a imprensa, a brasileira principalmente, com seu amadorismo, muitas vezes consiga transformar os mais inspiradores feitos em reality shows ridículos e vulgares. "Vamos falar com a avó do atleta, lá de longe, blábláblá...".
É impossível não ficar embasbacado com um ser humano que completa 100 metros em menos de 10 segundos (9.69, para ser exato), com sobras nas últimas passadas, como fez o jamaicano Usain Bolt. Muito da atração do esporte vem dos feitos sobre humanos que são alcançados. Muitos que poderiam ser considerados impossíveis mesmo pouco tempo atrás. Admirar e aplaudir um indivíduo teoricamente igual a nós fazer algo além da imaginação é inevitável.
A arte e o esporte tem muito em comum. Ambos promovem e valorizam as mais valiosas capacidades da espécie humana, como o talento, a habilidade, a criatividade, a dedicação. E cada vez mais um se aproxima do outro. Saímos todos ganhando, cada vez mais evoluídos, e sem precisar matar ninguém para isso.
quarta-feira, 25 de junho de 2008
Opinião
“An important scientific innovation rarely makes its way by gradually winning over and converting its opponents: What does happen is that the opponents gradually die out.”
A frase foi citada essa semana pelo professor José Moreira em uma de suas maravilhosas aulas no Pavilhão Pereira Filho. Não poderia ser mais propícia. Após incessantes discussões protagonizadas por mim e por meus colegas, ocupando os diversos intervalos entre as aulas, e sempre versando sobre os mais variados temas sócio-político-filosóficos, já havia chegado à mesma conclusão. As pessoas não mudam de opinião. Um ponto de vista é como um tumor que ocupa um espaço fixo em nossa massa encefálica, progressivamente calcifica e de lá não mais pode ser removido. Mesmo que o contraponto seja extensivamente provado, através de argumentos ou fatos, o máximo que pode acontecer é que nos calemos, deixando o assunto no ar, para que continuemos internamente com a mesma idéia, até encontrar novas interpretações que sirvam ao nosso pensamento.
Nietzsche, referindo-se aos próprios filósofos, escreveu: “Todos eles agem como se tivessem descoberto ou alcançado suas opiniões próprias pelo desenvolvimento autônomo de uma dialética fria, pura, divinamente imperturbável (...): quando no fundo é uma tese adotada de antemão, uma idéia inesperada, uma ‘intuição’, em geral um desejo íntimo tornado abstrato e submetido a um crivo, que eles defendem com razões que buscam posteriormente (...)”. Ou seja: o que pensamos não é fruto apenas do que vimos, ouvimos ou lemos, e sim de um sentimento intrínseco que nos faz procurar fatos que a ele se adequem. Desta maneira, não adianta um “oponente” em um debate tentar nos convencer de sua verdade, pois já temos a nossa.
É uma regra, e como tal, tem diversas exceções. Mas creio que de modo geral é o que acontece. Será este um fruto da velha dicotomização verdade-mentira que ainda predomina na mente humana?
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O que também fica cada vez mais claro para mim é que todos têm uma opinião sobre tudo. Os que dizem que não têm apenas são sensatos o suficiente para não se arriscarem. A diferença é que alguns, como eu, não hesitam em pisar em terreno que não dominam. O que acaba acontecendo, ao menos no meu caso, é que, no calor da argumentação, acabo fazendo interpretações impulsivas que não obrigatoriamente refletem o que penso, apenas com o intuito de responder à altura, o que muitas vezes resulta em exposições desnecessárias.
O engraçado é que tenho certo tropismo por temas polêmicos. E minhas companhias também não negam fogo. Alguém sempre discorda, seja qual for o assunto. Assim, basta apenas um grupo de cadeiras e um cafezinho, para que a alma italiana aflore, e aconteçam as mais épicas batalhas verbais. Que invariavelmente terminam do mesmo jeito que começaram: cada um com a sua opinião.
domingo, 18 de maio de 2008
Coisas...
Chego a pensar que mais da metade da matéria que passa por nossas mãos é totalmente desprovida de qualquer propósito ou utilidade. Um panfleto que recebo na rua se torna instantaneamente meu. Mas meu para quê? Para que eu arremesse prontamente ao cesto de lixo mais próximo? Ou para que eu guarde em algum de meus muitos bolsos para depois rencontrá-lo em meu quarto, juntando-o com todos os artefatos - eu juro que tento não usar "coisa"- que lá cumprem sua função de ocupar espaço.
Três ou quatro cds, inúmeras apostilas e fotocópias que eu provavelmente jamais irei ler, uma revista, alguns livros que apenas comecei a ler, uma sacolinha de plástico de cujo conteúdo prévio não tenho sequer uma pista... E saber que paguei por uma grande parte destas bugigangas!
Ok, chego ao fim do texto; e afinal, qual o grande sentido filosófico por trás disso tudo? Não sei. Foi só uma idéia estranha que passou pela minha mente. Como são gastos quilos e quilos de metal, toneladas e toneladas de plástico e pilhas e mais pilhas de papel em vão. Só para abarrotar os lixões. Trecos, troços, negócios. São coisas, apenas coisas.
terça-feira, 29 de abril de 2008
Já que o assunto é música...
Entro na quadra de meu destino. A mão direita se dirige à alavanca para dar o sinal de estacionamento. No segundo decisivo, a mão volta ao volante. Sigo e, na quadra seguinte, dou meia volta e volto para casa.
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Os cabelos ficaram. Não porque são bonitos (isso eu sei que não são). Mas, caso fossem embora, com eles iria minha personalidade. Iria o adolescente que ainda tenho dentro de mim, e que espero jamais perder (apesar dos esforços contrários da faculdade). Eu ainda tenho 20 anos, oras! Como diz uma música de Gath Brooks: "I'm much too young to feel this damn old". Eles representam o pouco de rebeldia que ainda me resta; o poder de tomar as próprias decisões livres de influências indesejadas.
Mais que isso, representam a diferença. É um paradigma: homem de cabelos compridos na medicina não parece certo. O motivo é simples: não pode. Só. Higiene? Desculpem-me, mas cuido deste aspecto melhor que diversos indivíduos do sexo oposto cujas madeixas são muito bem aceitas. Eles estão sempre presos, impedidos de esvoaçarem-se pela brisa porto-alegrense. Mais engraçado é que até hoje nem um professor sequer solicitou que eu abandonasse a cabeleira.
Do jeito que eu falo parece que eu sou um aluno desafiador, que não cumpre determinações, o que não pode estar mais errado. Acho legal exatamente este compotamento dual. Bem x Mal. Esquerda x Direita. Ying x Yang. Zoroastrismo pegando. O cabelo sugere algo que as atitudes logo desmentem. O roqueiro, metaleiro, que é um estudante de medicina como qualquer outro.
Muitos são os preconceitos para com esta forma de entretenimento. O mais comum é também o que mais me revolta: chamar de barulho. Somente alguém muito seguro de sua opinião pode assim classificar alguma música que sequer conhece ou tentou conhecer. Eu mesmo já caí (e constantemente caio) neste erro. Some-se a isso alguns pouquíssimos idiotas que vão a shows apenas para encher a cara de bebidas ou drogas e algumas bandas (essas sim, formadas ou sustentadas por revoltados extremos) que realmente fazem algo que realmente soa como barulhos ridículos, e está montado um gigantesco estereótipo. A grande maioria das bandas de rock'n'roll (mais especificamente das de heavy metal) faz belas músicas, com temas complexos e relevantes, que são repetidamente mal-compreendidas por uma grande quantidade de pessoas.
Não quero obrigar ninguém a ouvir as músicas que eu ouço. Nem acho que todo mundo deve deixar crescer cabelo e barba. O que pretendo mostrar é exatamente os estereótipos que as pessoas seguem sem pensar de onde eles vêm. E além disso, como é importante ter alguma atividade na qual se possa arremessar a quilômetros de distância todas as decepções que a vida inevitavelmente traz. Sem precisar de analista, yoga, etc.
PS: O cabelo não vai ficar aqui pra sempre. Ou ele fatalmente cairá - a genética neste caso é forte- ou eu provavelmente cortarei ele, provavelmente em algum dia de dezembro de 2011.
sábado, 26 de abril de 2008
O homem e a música
A música na pré-história
"Do you wanna rock and roll?!"
O mal existe. E vende cds.
Mas então.
Eventualmente eu (e aposto que o Fabrício também) vou deixar alguma dica de álbum ou banda interessante. As pessoas que me conhecem sabem que tenho um gosto bem diversificado, então deve agradar a alguém em algum momento.